quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Internet é um lugar de autoria ou de plágio?



        Vivenciamos momentos críticos de transição em nossa sociedade, em que as mudanças de paradigmas são bastante evidentes e ao mesmo tempo preocupantes. Estamos “ainda” tentando sair do extremo da “educação tradicional”, para tentar atingir um ponto de equilíbrio. Porém, o que vivenciamos em nossa prática é que estamos caminhando rumo a outro extremo que é o de uma “educação neoliberal”, onde muito se é permitido e quase nada pode ser cobrado, especialmente em se tratando de educação, gerando assim, um desconforto principalmente para os professores que ficam amarrados sem saber sair de certas situações, pois são exigidos pelos órgãos públicos para manter “falsos” índices de crescimento na qualidade da educação brasileira para atingirmos um patamar de países considerados desenvolvidos. E onde encontraremos o tão esperado equilíbrio para que possamos compartilhar com os nossos alunos uma educação de qualidade? Será que estamos caminhando rumo a uma educação que dê importância devida a quem de direito? Nossas escolas estão equipadas para oferecer melhores condições para seus alunos estarem inseridos neste mundo virtual? A comunidade escolar, a população em geral está consciente de como deve se comportar diante de seus deveres e de como exercer os seus direitos? A atual conjuntura é realmente preocupante, tendo em vista que quanto mais informação e tecnologia é disponibilizada atualmente, tanto mais vemos nossos alunos saindo das nossas escolas sem uma visão crítica do mundo, sem saberem se comportar como cidadãos para se resolverem na vida.

        A inversão de valores se torna cada vez mais evidente na sociedade como um todo, porém, como educadores precisamos repensar nossa prática e contribuir para que tenhamos a oportunidade de conhecer a fundo o manancial que as TIC’s oferecem para termos a possibilidade de auxiliar nossos alunos a caminhar com destino a uma educação consciente, voltada para uma construção coletiva, objetivando com isso proporcionar aos mesmos serem eles próprios os autores principais, e não coadjuvantes na construção de seu conhecimento, onde nós professores devemos nos colocar como co-autores deste mesmo processo.

        Seremos sem dúvida atores importantes, eu diria até “indispensáveis”, na medida em que soubermos lidar com as referidas transformações aceleradas pelas quais passamos, filtrando as informações que nos são trazidas através da internet e dos meios de comunicação e informação, para assim, mediarmos o processo de aprendizagem de nossos alunos, portanto, sendo colaboradores de sua construção e tendo a internet como uma aliada. Para tanto, devemos sedimentar este conhecimento que é novo para uma grande maioria de educadores e buscar novas oportunidades de aprendizado, estar abertos para o novo e principalmente não estagnar, pois assim não acompanharemos jamais os nossos alunos, que estão muito à frente de nós. Quem somos nós, qual é a nossa identidade?

        A partir destas reflexões e constatações, vejamos a posição que a Internet deve ocupar dentro deste mesmo contexto apresentado anteriormente.

        Sem dúvida alguma, que o lugar da Internet é um lugar de autoria. É neste ambiente virtual que o professor, que deve ser “pesquisador” em sua essência, pode incentivar seus alunos a produzirem, trazendo à tona alguns valores quase perdidos, pela falta de uma identidade que urge ser resgatada. O universo de possibilidades que são disponibilizadas sobre todos os temas na Internet, podem e devem ser explorados pelo professor, fazendo com que o aluno perceba a importância que o uso consciente, honesto e crítico da internet oferece ao seu crescimento individual e coletivo. Mas, antes de qualquer coisa, acredito que o professor necessita ter esta consciência, também ser um agente transformador, ser um agente de mudanças, ser autor de seu próprio conhecimento para, assim, ter credibilidade perante seus alunos e incentivá-los a serem esses autores também. O professor é um exemplo a ser seguido, é um formador de opinião. Então, o que dizer de alguns profissionais da educação e fora dela, quando tem que fazer um trabalho de finalização de curso e saem ansiosos varrendo a internet e copiam trabalhos já produzidos por outras pessoas? Ou pagam para outras pessoas fazerem seus trabalham? Somos espelho, onde nossos alunos querem se enxergar quase que “à nossa imagem e semelhança“, portanto sejamos exemplo de honestidade, idoneidade, profissionalismo.

        Pedro Demo nos remete a um reflexão interessante quando escreve que “as novas tecnologias (...) nos conduzem mais do que as conduzimos”. Neste contexto, é imprescindível que estejamos estudando sempre, identificando dentro do universo virtual o que é útil e o que não é, para não passarmos por meros instrumentos de transmissão de conhecimentos, e possamos levar às salas de aula, tecnologias que possam ser criadas e re-criadas por nós e nossos alunos, estabelecendo um ambiente de cooperação, divertimento e aprendizagem. Daí a importância de não nos afastarmos em momento algum, de desenvolvermos em nós habilidades que ele chama de “habilidades do século XXI”, sendo algumas delas a “fluência tecnológica”, as “multi-alfabetizações”, “entrar no jogo como sujeitos, e não como objetos”, a “capacidade de questionar”, se “auto-questionar”, entre outras.

        Realmente estamos vivendo a era das novas tecnologias e muitas outras ”novas tecnologias irão surgir; é o progresso que nos conduz e quem teimar em não acompanhar o progresso, será inevitavelmente arrastado por ele.

        Um outro ponto que gostaria de destacar do texto é o papel do docente, quando Pedro Demo coloca muito bem que “Importante será reconhecer que não podem faltar no professor as habilidades do século XXI, se quiser formar as crianças para o século XXI”. Assim sendo, cabe a nós professores, ou melhor, educadores do século XXI, nos voltarmos para esta realidade e trilharmos novos caminhos tendo uma visão dilatada, enxergando novos horizontes a serem descobertos, para que possamos ser estes agentes de transformação, tendo a Internet como nossa grande aliada.

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